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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Nuremberg, 12 e 13 de fevereiro de 2018.


Fim da tarde em Nuremberg
Cheguei ontem a Nuremberg, sul da Alemanha. Mais uma vez para a Biofach, a maior Feira de Produtos Orgânicos do mundo. Isto é o que dizem os organizadores. Sempre tenho dúvida, afinal, os números coletados para definir o tamanho desse mercado apontam que metade dos noventa bilhões de dólares movimentados neste seguimento vêm dos EUA. De todos modos eu já busquei informações e parece que sim, a Biofach merece o título de maior do mundo.
Evento de hoje sobre Bioeconomia
Ontem, vim de Porto Alegre por Frankfurt e de lá peguei um trem aqui para Nuremberg. Sou da old school, daqueles que veem charme e elegância em trens...
Mas o trem não pôde chegar a Nuremberg. Desviou e nos deixou em Fürth, cidade vizinha, já que há poucas horas havia sido encontrada uma bomba na estação central de trem, de origem Norte-Americana e lançada na segunda guerra mundial. Nuremberg tem toda uma história em relação a essa guerra. Aqui é um dos berços do nazismo, e também foi aqui que o julgamento mais importante do pós guerra ocorreu, quando muitos nazistas foram condenados, alguns ao enforcamento, pelo que fizeram. O Julgamento de Nuremberg foi presidido por um Inglês e sua preparação teve um papel preponderante dos EUA (acho que não mandam só no mercado de produtos orgânicos...). 
É impressionante também como a cidade foi duramente bombardeada. Passeando pelo centro histórico é comum encontrarmos fotos que mostram seu estado quando a guerra chegou ao fim. Ela também é um símbolo da capacidade que o povo alemão teve de reconstruir seu país. Principalmente as mulheres, pois muitos homens estavam mortos ou mutilados. O centro histórico de Nuremberg, totalmente devastado há setenta anos, é um primor de beleza e cuidado. Outro sinal da organização alemã é vista neste próprio incidente com essa bomba. Em função do seu tamanho, 45 quilos, eles determinaram uma área de evacuação de um raio de 300 metros. Significa que ontem 4000 pessoas deixaram suas casas. Este tipo de episódio é razoavelmente comum no país. Li que ainda existem dezenas de milhares de bombas que não explodiram e ainda não foram encontradas. 
Outra do seminário de hoje
Pois é, mas justamente quando eu estava chegando acham uma bomba que foi lançada há mais de sete décadas? Tomei como sinal de boa sorte, esta viagem vai bombar... tá, prometo caprichar mais no próximo trocadilho!
Da estação de Furth, peguei o metrô e, ao descer, fui caminhando sobre a neve. Tão lindo, né? Um frio do cão, me molhando e tendo que andar devagar, porque o gelo, misturado com a sujeira é escorregadiço. Tudo lindo... Enfim, achei o apartamento onde me hospedarei junto com outros seis companheiros de trabalho, brasileiros e alemães. Este tal do Airbnb tem me feito relembrar a vida em república. É verdade que em outras épocas parecia mais divertido, isto antes de eu virar um ermitão. Mas tudo bem, me adapto.
Hoje foi dia de trabalho. Eu sempre tenho dificuldade em chamar de trabalho um dia onde fico sentado ouvindo palestras, tomando café e falo apenas por dez minutos. Passo muito mais trabalho para escrever uma poesia ou cuidar da minha pequena horta... Enfim, passamos a manhã em um seminário debatendo a Bioeconomia, termo novo, consagrado na Rio+20 e hoje muito usado para vincular negócios rentáveis e sustentabilidade ambiental. De certa forma um novo rótulo para práticas antigas, como aproveitamento de resíduos para serem fontes energéticas ou uso de microrganismos na agricultura para minimizar fertilizantes ou venenos. E fica o temor que nesta nova expressão a economia do termo leve o bio apenas como dama de companhia, para abrir as portas dos salões dos lucros dissociados de um verdadeiro compromisso com o meio-ambiente. Difícil separar o joio do trigo entre todos que usam este termo.
Entardecer no centro histórico de Nuremberg
Na parte da tarde, ainda sob o guarda-chuva do termo bioeconomia, foram debatidas possibilidades de mercado para produtos oriundos da Amazônia brasileira, no âmbito de um projeto que vem sendo desenvolvido em nosso país pela GIZ, agência alemã de cooperação internacional.
E assim foi meu dia. Com direito a rever alguns amigos e no fim da tarde passear um pouco, no frio, no centro da cidade.
A transição entre a tarde e a noite estava uma lindeza. Frio, céu limpo, a natureza fazendo escuro e as luzes da cidade buscando mantê-la acordada um pouco mais. Bonito de emocionar. 
Goulash de porco com pasta

Escolhi para jantar um pequeno restaurante alemão. Apenas três mesas e um balcão em L para oito pessoas. Todo em madeira, boa cerveja e cara de bem local. Nunca havia ido nele e gostei muito. Comi um goulash de porco com macarrão parafuso. No restaurante com jeito local, comi um mix de comida húngara e italiana acompanhado de cerveja alemã. Esta é a globalização que eu gosto!
Amanhã tem Biofach, conto algo de lá!

Onde jantei. Bem legal!

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