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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Nuremberg, 15 de fevereiro de 2018

Agricultura Biodinâmica com força na Biofach

Hoje todo o dia foi na Biofach. Quase por obrigação provando chocolates, pães, queijos, sucos, embutidos e dezenas de outros produtos, todos orgânicos, com uma linda apresentação e de sabor diferenciado. Destaque para um queijo com café arábica, que provei a contragosto e pelo qual me apaixonei. 
Neste árduo trabalho passei por centenas de bancas e talvez o que mais chamou a minha atenção foi o fato de nada ter me chamado a atenção. Não vi algo que tenha me soado como novo. Pode ser que meu olhar não tenha sido suficientemente atento, e sem a companhia da Ana perdi a sagacidade das suas observações. Mas o que vi foi um reforço e consolidação do que já estava presente nos anos passados. 
Chocolates com identificação de origem do cacau
Produtos sem glúten, busca de alternativas mais saudáveis para adoçar a vida, como açúcar de coco ou agave, produtos com denominação de origem ou veganos. Aliás, produtos veganos já há dois ou três anos marcam forte presença na feira e este ano não foi diferente. Também as chamadas superfoods, nome usado de maneira pouco precisa para alguns alimentos que cumprem, ou supostamente cumprem, diferentes funções nutracêuticas seguem marcando presença. Mas algo que mereça, a meu juízo, a denominação de nova tendência, não identifiquei.
Área específica para produtos veganos, com
              a realização de debates e palestras
Quero falar mais um pouco sobre as estatísticas do mundo da agricultura orgânica. Já adiantei no post anterior que os números de 2016, anunciados por Fibl ontem aqui na Biofach, apontam para um mercado de 90 bilhões de dólares. Sem querer ser profeta, mas usando apenas a lógica, posso afirmar que vivemos um momento o qual, anualizado, o mercado de produtos orgânicos ultrapassa, com folga, a barreira dos 100 bilhões de dólares. No início do século eram 16 bilhões, o crescimento merece o título figurativo de exponencial.
Os EUA seguem ostentando o título de maior mercado de produtos orgânicos do mundo. Em 2016, 46% do mercado concentrou-se em suas fronteiras. De longe o primeiro lugar, movimentando 43,1 bilhões de dólares, seguido da Alemanha com 10,5, França, 7,5 e China com 5,9 bilhões de euros. Completa a lista dos dez maiores mercados do mundo, pela ordem, Canada, Itália, Reino Unido, Suíça, Suécia e Espanha. Alguns números impressionam. Na Dinamarca dez por cento do mercado de alimentos é orgânico e na Franca o crescimento deste mesmo mercado, em 2016, comparativamente ao ano anterior, foi de 22%. Chego a me perguntar se é um crescimento real ou um ajuste na coleta dos dados. Conversando com Franceses eles dizem que este crescimento é visível em seus cotidianos. De qualquer modo, o crescimento na casa dos dois dígitos foi a tônica nos principais mercados ao redor do mundo. 
Área com vários estandes chineses
Na Europa o crescimento do comércio de produtos orgânicos foi de significativos 11,4%.
Voltando aos EUA, é também digno de observação o fato de que 0,8% da sua área de agricultura ser orgânica ao mesmo tempo em que 5,3% do mercado de alimentos é com produtos orgânicos. Permito-me perguntar se o produtor norte americano não vai se ver obrigado a seguir a tendência apontada pelos seus consumidores.
Outro dado que refere-se ao mercado é o consumo per capita. Suíça lidera este ranking com 274 euros/habitante/ano. Dinamarca (227), Suécia (197), Luxemburgo (188) e Áustria (177) completam a lista dos cinco primeiros.
Existem muito mais números, fico com estes por hoje. Um estudo interessante diz respeito à outros selos privados que consolidaram-se nos últimos anos, principalmente ligados à commodities como cacau ou café.
Olha que luxo: estande austríaco preparado
                 para receber convidados
Fim de tarde, como de praxe no segundo dia da Biofach, alguns estandes promovem uma hora feliz. Bebidinhas e comidinhas orgânicas liberadas, boa música e a possibilidade de rever alguns amigos. Pergunta se eu gosto...
Amanhã tem mais. Não parece, mas quatro dias de feira voa e nem conseguimos ver tudo o que há para ver.

Um comentário:

  1. Seus relatos são sempre muito bons. Aprendo sempre é, as vezes, é como se estivesse vivenciando contigo. Grata.

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