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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Lima, 13 de dezembro de 2012.

Evento da ANPE, eu na mesa de abertura.
              God Bless America. Neste caso, a Latina. Andar por este continente é, definitivamente, um privilégio que tenho na minha vida. Saí ontem da terra dos Maias e cheguei na terra dos Incas. Passei a tarde/noite de ontem e todo o dia hoje em Lima. Considero que Lima é hoje a capital mais interessante desta parte do mundo. Cada vez mais organizada, emoldurada pelo pacífico, uma comida insuperável em sua criatividade e cuidado, lugares agradáveis para passear, como a beira-mar, os bairros de Miraflores, tão decantado por Mario Vargas Llosa, Barranco, com seu charme nostálgico, seu centro histórico cheio de história.
Além de ir dos Maias aos Incas, saí também da campesina ou texana comida hondurenha à sofisticada cozinha Peruana, com seus restaurantes mais ou menos caros, mas sempre surpreendentes. Ontem de noite resolvi gastar um pouco e ir a um dos mais badalados. E caros. Não consegui mesa, é necessário fazer reserva com meses de antecedência, mas pude comer no bar, para lá de agradável. O restaurante se chama Central, e tem em seu Chef Virgílio Martinez, um jovem de 34 anos, o motivo de sua fama. O sitio web é centralrestaurante.com.pe. Vale a pena dar uma olhada.
Parque de Miraflores, suas carrocinhas de comida.
Aí almocei hoje
Comi bem, uma entrada de atum negro, com especiarias locais, queijo de cabra e molho doce de pimenta. Depois fui por um mero assado, com purê de batatas andinas, folhas da época, um molho indescritível. Tudo acompanhado da caipirinha daqui, o pisco souer. O restaurante fica em uma linda casa de Miraflores, pude ir caminhando, e tem uma horta orgânica no segundo andar da casa. Adivinha se não fui ver e ainda conversar sobre o tema com uns funcionários? Claro que fui!
Ainda tive tempo de passear por lugares que conheço, fazer umas comprinhas de Natal, comer nos carrinhos de rua, cheios de comidas locais bastante diferentes do que normalmente achamos no Brasil, tipo hambúrguer e cachorro-quente. O Peruano é apaixonado pela sua cozinha, é seu principal motivo para o sentimento de orgulho nacional. O fato que ela, a cozinha peruana, está na moda aumentou a autoestima do país, é o que me explicam e o que eu sinto por aqui.
Parque de miraflores
Bom, mas não vim aqui em Lima para comer. Estou aqui convidado pela ANPE – Peru, a Associação Nacional de Produtores Ecológicos, com quem já tenho uma relação de mais de dez anos. Eles estão organizando hoje e amanhã um evento sobre suas “Ecoferias Frutos de la Tierra”. Feiras locais de produtos ecológicos, realizadas em diferentes províncias, expressando a agro-biodiversidade do país. Fiz uma palestra neste evento hoje de manhã. 
Agora escrevo daqui da sala VIP do aeroporto de Lima. Considerada uma das melhores do mundo, de fato é bem agradável. É hora de ir, os passageiros do meu voo estão sendo chamados. Volto para casa feliz com a trip. Valeu muito. O ano termina bem e o outro começa animado, já tenho passagens para Bolívia em janeiro e Costa Rica e Alemanha em fevereiro. Isto se o mundo não acabar.... By the way, bom fim de mundo para todos!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

San Pedro de Sula, 11 de dezembro de 2012

Restaurante Delfin, Puerto Cortez. Honduras 
            Estou aqui em um confortável quarto de hotel, o Boutique La Cordillera, em San Pedro de Sula, cidade que responde por mais de 50% do PIB do país. Honduras é um dos países mais pobres da América Latina. Setenta e cinco por cento da sua população vive abaixo da linha de pobreza. É também um dos pontos mais críticos do planeta no que tange às mudanças climáticas, estando sujeito a fortes chuvas e ventos. Para completar o quadro, o narcotráfico usa o país como corredor entre o norte e o sul do continente. Difícil situação.
Agradável bar do Hotel Cordillera. Aí fiz meu relatório. 
Trabalhar pode ser agradável...
Hoje o dia foi reservado para viajar para cá, onde pego o avião amanhã cedo para Lima, e preparar o relatório desta consultoria. Sempre melhor deixar pronto, depois que voltamos para casa normalmente entramos em outra energia, fazer os relatórios fica muito mais complicado. Demorei uns 20 anos para aprender isto... mas a vida é assim né? Sabemos mas não fazemos. Adoro uma cena do excelente filme argentino Lugares comuns, quando o personagem principal, se referindo à sua esposa, fala: “Lili diz que a gente sabe, mas se esquece que sabe”.
Ainda arrumei tempo hoje para ir comer uns camarões deliciosos em Puerto Cortéz, cidade no extremo norte do país, ou seja, no oceano atlântico. Segundo li, Puerto Cortez é o maior porto da América Central. Como outras cidades portuárias, é muito movimentada, transito intenso de carros e caminhões e uma praia nem tão bonita assim. Valeu ter ido, não apenas pelo Restaurante Delfin, onde comemos, mas também pela estrada, 60 km envoltos em uma típica paisagem caribenha, vegetação exuberante, sol forte, calor úmido.
Típica comida campesina:
arroz, feijão, carne de porco. 
Para fechar minha estadia aqui, fomos jantar em mais um restaurante típico, o Casas Viejas. Comi leitão assado. É que de noite não acho legal comida muito pesada. Falo muito em comida, coloco fotos, mas ando comendo pouco. Devo ter emagrecido mais um pouco nesta viagem, além dos dez que já havia perdido nos últimos meses.
Fico por aqui, me despedindo de Honduras. Gostei. Do lugar e das pessoas. E do café. E vi pouco, parece que tem muito mais, quando a vida me der uma chance, volto.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Santa Rosa de Copán, 10 de dezembro de 2012



Bonita casa, em frente à praça central de Santa Rosa de Copán
Simpática cidade esta Santa Rosa de Copán. É a capital da província de Copán, no oeste do país.
Hoje de manhã tivemos uma boa reunião com algumas ONGs locais. Contribuiu muito para que eu siga tendo uma ideia da situação da agricultura orgânica aqui em Honduras. Realmente um privilégio andar pelo país, conhecer fincas orgânicas, conversar com as pessoas, fazer algo de turismo e ainda ser pago por isto! Sinceramente, sem falsa modéstia que não é o meu estilo, não mereço tanto da vida.
E ainda tive a tarde livre. Muito bom! Fiz o que mais gosto de fazer. Sair flanando pela pequena cidade, caminhando nos arredores do centro, buscando lugares interessantes, conversando com as pessoas, tomando café, fotografando portas e janelas, pensando na vida.
Pátio interno do Hotel Elvir
A cidade tem seus cinquenta mil habitantes, não é tão pequena. Tem um bonito ainda que pouco preservado casario colonial. Algumas casas, como meu hotel, o Elvir, com um lindo pátio interno. Segundo Jannet, a peruana que anda comigo, parece a cidade do Zorro. É verdade, parece a cidade do Zorro. E o Hotel Elvir seria a casa dele! Procurei, mas não encontrei, a Catarina Z Jones. Quem sabe na próxima.
Kaldi's Café, Santa Rosa de Copán
Mas sim encontrei uma bela cafeteria. Com um delicioso café. Muito bem localizada, ao lado da Igreja principal da cidade, em um pequeno calçadão, o que lhe permite colocar mesas na rua. Dentro é ainda mais agradável, com boa música, móveis de madeira e decoração inspirada na Etiópia, de onde vem seu nome, Kaldi's café. E, claro, o mais importante, bons cafés, não apenas locais, mas, também de outras partes, como a própria Etiópia ou Jamaica. Só para não deixar passar, para quem não lembra, Kaldi seria o nome do pastor que descobriu o café, quando viu suas cabras pularem alucinadas, depois de comerem certos frutinhos vermelhos.
Passei um bom tempo neste café. Trabalhando, escrevendo, pensando. Se não canso de pensar? Sim, canso. Aliás ando cansado de mim e do meu muito pensar... Sobre isto, boa é a do Homer Simpson: "cala boca pensamento, ou te enfio uma faca". Já tentei isto também, mas meu pensar parece que não tem medo.
Fui jantar em um simpático restaurante de comidas típicas, que fica na Casa Arias, mais uma das casas coloniais que comentei possuem seus pátios internos. Bem típicas do sul da Espanha. Baixinho, só para mim, recitei Machado: “mí infáncia son recuerdos de un pátio de Sevilla”. Comi de novo o que eles comem aqui no café da manhã, almoço e janta: carne de porco, ovo, feijão na forma de tutu, banana frita, tortillas.
Puertas y ventanas...
Amanha saímos cedo, em direção a San Pedro de Sula, uma espécie de capital econômica do país. E com fama de muito perigosa, é só o que e ouço por aqui. Acho que não sabem que sou do Pé Pequeno. Durmo lá e quarta-feira eu saio cedo em direção a Lima, onde trabalho na quinta e sigo pra casa neste mesmo dia. Minha pequena viagem por Honduras está terminando.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Copán Ruínas, 09 de dezembro de 2012

Copán Ruínas, norte de Honduras
Dirigi 500 km hoje, uma parte de noite, em uma estrada esburacada e sem sinalização de nenhuma espécie. Foi tenso, já que não cansam de me falar como Honduras é perigoso. As barreiras policiais, com dezenas de homens em trajes militares e armados de escopetas e metralhadoras apontam que tranquilo não é a melhor palavra para definir o país. Mas foi tudo bem e já estou aqui em meu hotel em Santa Rosa de Copán
Hoje a atividade principal foi visitar as ruínas Maia de Copán, principal ponto turístico-cultural do país e que fica quase na fronteira com Guatemala. Impressionante.
Este é o único livro conhecido da cultura Maia.
Conta a história desta cidade. Por este livro,
que é toda esta coluna, Copán é
Patrimônio da Humanidade desde 1980.
Fiquei umas três horas caminhando por lá, uma boa parte com um guia, valioso pelas mui interessantes informações que passava, mas que não parava de falar e me impedia de conversar com os Maias... sim, a nítida sensação que ainda estão por lá, cuidando do local e usando ele sabe-se lá para que. A população da cidade da qual agora resta as ruínas era de umas 25 a 30 mil pessoas, e não é de estranhar que sua presença ainda seja sentida.
Tiveram seu auge entre mais ou menos 400 e 800 depois de Cristo. O que se sabe é que os Maias chegaram pela Guatemala, vindo do México e com sua força, oriunda do seu conhecimento e sua organização, conquistaram os povos locais, fazendo-os trabalhar para eles, inclusive pagando tributos na forma de milho, mandioca, feijão, batata-doce e principalmente cacau, considerada a moeda principal deste povo.
Nosso guia afirmou que eles chegaram da Ásia, via estreito de Bhering, que sabemos é uma das teses para explicar a colonização da América. Para corroborar sua tese, nos mostrava as bem desenhadas fisionomias das muitas estatuas existente nas ruínas e sim, são fisionomias bastante asiáticas. 
Deus Maia. Que parece Mongol,
 parece... vai saber!
Perguntei porque ocorreu o declínio desta cidade, ele disse que exploraram muito os recursos naturais, principalmente cortando todas as árvores e fruto disto vieram as dificuldades, até finalmente se retirarem. Se esta tese for verdadeira, o que acredito, não será a primeira civilização a ter em razões ambientais sua queda. E certamente não será a última.
Outra coisa legal do Parque das ruínas de Copan é que é muito arborizado, com uma vegetação exuberante, áreas com um bonito gramado e animais silvestres passeando pelos bosques. Vi um veado pastando e uma paca bebendo água... isto em dez minutos de passeio por um trilha. Com certeza com tempo veríamos araras, jaguares e sei lá mais o que. 
Reencanacionistas, enterravam seus
mortos em posição fetal para facilitar a volta.
Enfim, não posso contar aqui tudo o que vi. Só deixo a recomendação. Vale muito a pena conhecer. Ah, ia esquecendo, dia 21 o parque vai estar todo iluminado e aberto até às duas da manhã. O calendário Maia fala em uma mudança de era, muitos estão interpretando como fim do mundo. Eles esperam gente de todas as partes do planeta, aguardando este fim/começo de algo. Se eu pudesse, viria também, bom lugar de passagem.
Vou dormir. Conversando com os Maias.
Este lugar  era como um estádio. Eles tinham um jogo com bola, 
cinco pra cada lado, o capitão do time ganhador era sacrificado. 
Para ele era uma conquista se juntar aos espíritos.  
Neste estádio cabiam 20 mil pessoas.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Marcala, 08 de dezembro de 2012



Honduras, departamento de La Paz, chegando em Marcala
             Dia animado hoje. Saímos do hotel às sete da manhã, com uma Tucson automática, em direção ao norte do país, mas com uma parada prevista aqui onde estamos agora, na cidade de Marcala. Sem GPS, artigo raro por aqui. A locadora do carro, a maior do país, não tinha nenhum. Aliado ao fato de todos mandarem termos cuidado com os altos índices de violência por aqui, aumentou a dose de emoção da viagem. Mas foi tudo muito, muito bem.
Depois de viajar pela estrada pan-americana, que corta toda a América Central, entre seus numerosos vales e montanhas, chegamos às 11 da manhã. Fomos direto para COMSA (http://cafeorganicomarcala.net), uma empresa que tem 800 pequenos agricultores como sócios e tem na Agricultura Orgânica e no Comércio Justo de Café seu principal foco. Fomos recebidos pela equipe de assessores e realmente fiquei impressionado com bom nível técnico do trabalho que estão fazendo. Um show de biofertilizantes enriquecidos, de manejo de microrganismos, aproveitamento da matéria orgânica e de minerais oriundos de rochas da região.
Don Mario e sua família. 
Ainda tive o privilégio de visitar a propriedade do D. Mário e sua esposa, Joselinda. Ele beirando os sessenta, filhos e netos, muito informado sobre Agricultura Orgânica e com um manejo nota dez. Café sombreado, horta para consumo e mercado local, frutas diversas, pequenos animais, umas vaquinhas para o leite e o queijo. Gnomos, duendes e fadas passeavam felizes por toda sua propriedade. Ela uma liderança local, regressou hoje dos EUA, onde foi receber um premio por seu trabalho como liderança junto às mulheres da região.
Fim da tarde e uma reunião em um simpático café local com COMUCAP, que significa Associação Coordenadora de Mulheres Campesinas La Paz. La Paz é o nome do departamento onde está Marcala. Mulheres que produzem e comercializam há quinze anos café Orgânico e do Comércio Justo. Estou voltando com um bom estoque de café de alta qualidade, orgânico, justo e com denominação de origem Marcala, que significa estrita altura (1300 m) e qualidade reconhecida internacionalmente. Nada mal.
Restaurante D. Gloria
E terminamos o dia comendo no restaurante Doña Gloria. Um prato típico com pedaços de carne de porco, banana frita, tutu salpicado com queijo ralado e arroz. Muito apropriado para este dia tão campesino. Amanhã tem mais, tudo funcionando bem vou visitar uma cidadela Maia. Quem sabe lá descubro se o mundo vai acabar mesmo. Não que faça tanta diferença, só por curiosidade.

Tegucigalpa, 06 e 07 de dezembro de 2012

Feira dos agricultores - Tegucigalpa
Ontem e hoje foram um pouco repetitivos, por isto resolvi escreveu só um post. Reuniões para tentar entender em que pé anda a agricultura orgânica no país e buscar identificar o potencial e caminho para se estabelecer um mercado interno para estes produtos. A pobreza do país, com quase 70% da população vivendo com menos de um dólar por dia não me estimula a pensar a agricultura orgânica por aqui como uma oportunidade de mercado. Acho que o viés é mais da produção do próprio alimento com autonomia. Por aí vai ser o meu relatório desta consultoria.
Às vezes tenho a sensação que os países centro-americanos copiam ou se deixam influenciar pelo pior da sociedade norte-americana. Comidas rápidas, shoppings, business at all, pick-ups e trucks. Mas o alternativo, em todos os sentidos, o orgânico, o culto ao local, o sentido de vizinhança, o sentido de cidadania, que existe nos EUA, ficam de fora. Sei lá, possivelmente estou falando bobagem.
Bom, entre uma reunião e outra, nenhum entretenimento, exceto a comida. Almoçamos os dois dias no restaurante Azulejos, que fica no hotel Intercontinental. Cozinha internacional, correta, ambiente agradável.
Feira de Villa Nueva, Tegucigalpa
O diferente ficou por conta do fim da tarde de hoje, quando fomos a duas feiras. Uma da Villa Nueva, onde passamos rapidamente. E depois na feira dos agricultores, como chamam a maior aqui de Tegucigalpa. Show de bola. Muito popular, cheia de gente, produtos de toda ordem. Profusão de verduras, frutas, carne, peixe, cheiros, cores, formas, sabores, caras. Realmente muito legal. Nunca vi uma feira tão grande, ainda mais noturna. Funciona toda sexta de tardinha/noite e sábado o dia todo, muito perto do Estádio Nacional. Ainda comi um tamal com recheio de frango muito, muito saboroso. Valeu a passada por aqui, mais do que todas as reuniões que tive. Definitivamente feiras populares são o meu nicho ecológico.
Alugamos um carro hoje e neste fim de semana viajaremos uns 500 km, do sul ao norte do país, visitando fincas orgânicas e se tudo der certo, a ruína Maia de Copan, uma espécie de Machu Pichu de Honduras. Imperdível, é o que todos dizem.
Valeu ter conhecido Tegucigalpa, pelo menos agora não esqueço mais o nome da capital de Honduras. Valeu, mas não recomendo para uma temporada de férias. Não é tão atraente.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tegucigalpa, 05 de dezembro de 2012

Catedral de San Miguel, centro de Tegucigalpa
       O dia hoje foi de reuniões de trabalho, buscando conhecer um pouco mais do que acontece por aqui no mundo da Agricultura Orgânica. Ainda não dá para emitir uma opinião, preciso ver e ouvir mais. Em um primeiro contato me pareceu que o tema ainda não esta na moda por aqui.
Ainda deu tempo de no fim da tarde ir à “Plaza de Armas”, bem no centro da cidade. Muita gente, comércio agitado e a Catedral. Parece que o poder político se foi da praça, está em outro lado, mas eu não conheci. Não vi um centro preservado, restaurado, organizado. Pelo contrário. Como a cidade tem mais de 400 anos de fundação, claro que é possível achar algumas casas coloniais bem charmosas. Mas mereciam um cuidado maior.
Tegucigalpa é uma cidade grande, são quase dois milhões de habitantes. Está em um vale, mas a cidade não se limita a ele, e as casas e bairros já invadiram boa parte das montanhas que a cercam. Eu gosto deste visual da Cordilheira da América Central, de vales e altas montanhas. Onde a natureza é mais preservada é realmente lindo.
Apenas perambulamos um pouco pelo centro da cidade e ao anoitecer fomos buscar um lugar para comer. Aqui é considerado bem perigoso e nos recomendaram não ficar no centro quando chegasse a noite.
El Patio
Achamos um restaurante típico, longe do centro, chamado “El Patio”. Muita gente, ambiente grande, música alta, luz baixa. Estética duvidosa para os meus padrões. Pedimos o prato típico do restaurante uma mescla de carne texana com tacos e “frijoles” mexicanos. Estava boa. Para acompanhar provamos uma cerveja local, a salva vida. Comum, correta.
Ainda tivemos tempo de caminhar um pouco pelo Boulevard Morazan, um pouco inseguros de tantos que nos recomendaram cuidados. Estava agradável. Precisava deixar o tempo correr um pouco para não chegar tão cedo no hotel. Ainda tivemos tempo para um café e um sorvete pecaminoso no Mac Donald. Foi o lugar que achamos...
Mas o tempo não passou tão célere, estou aqui, no quarto, eu e meus fantasmas, às oito e meia... acho que vou ler um pouco e procurar o sono.
Tacos, frijoles, queijo derretido.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tegucigalpa, 04 de dezembro de 2012

Depois de um longo dia de viagem, foram 22 horas, com direito a perder a conexão em San Salvador, finalmente cheguei em Tegucigalpa. Ficarei viajando por Honduras durante oito dias e sempre fico animado em conhecer um país que ainda não havia estado. Estou aqui para acompanhar trabalhos com Agricultura Orgânica em diferentes regiões do país e que gostariam de implementar um sistema participativo de garantia, SPG em nosso jargão. 
O hotel, Humaya inn, é bem correto, e quase que caberia minha família toda neste quarto.
Muitos chegaram a me perguntar se eu havia desistido do Blog. Não, apenas uso ele para relatar as viagens internacionais que faço e este ano foram poucas, bem poucas. Honduras é a quinta, três delas foram para o Paraguai (passei o dia 22/11 em Coronel Oviedo e nem relatei aqui esta peregrinação...) e a outra foi Estelí, Nicarágua. Comparando com outros anos, quase nada. Menos convites, alguns poucos sedutores e outros que meu estado de animo não me permitiu aceitar e aí esta a explicação de ter viajado pouco para fora do país.
Pouco para contar hoje, foi apenas a viagem e a chegada ao hotel, recepcionado por Jannet Villanueva, uma amiga peruana com quem estarei trabalhando durante estes dias. Comemos algo e vim para o quarto para ler um pouco, relaxar e procurar o sono, artigo raro nas ultimas semanas.
Veremos que amanhã me aguarda. Esta frase batida que o sol nasce a cada manhã, renovando nossas esperanças, em algumas situações é bastante útil. Hoje ela me cai bem, muito bem. 

sábado, 23 de junho de 2012

Rio+20, 22 de junho de 2012


Vendo a Terra do Céu...
Hoje, último dia da Rio+20, o principal tema foi o documento da Conferência, para a maioria pouco ambicioso. De todos os lados surgiam protestos em relação a ele. A Cúpula dos Povos fez um documento criticando o documento oficial e entregou em mãos ao Secretário Geral da ONU. Para boa parte da sociedade civil, a Rio+20 termina sem novidades no cenário geral e as soluções em relação ao meio-ambiente, que alguns julgamos tão urgentes, ficarão para outro momento. Existia uma grande expectativa sobre os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, já conhecidos pela sigla ODS. Sua definição ficou para 2013, e implantação para 2015. Tudo bem, não temos pressa mesmo!
Passei o dia entre uma e outra sessão na Cúpula dos Povos, e ainda fiz questão de voltar para visitar a Exposição de fotografias “A Terra vista do céu”. Levei Daniel, meu filho de nove anos, para que ele visse um pouco da Rio+20. Inevitável ficar pensando sobre a relação com o documento assinado pelos países participantes e o mundo que o espera. 
Não sei se por meu filho, por convicção, ou por um necessário otimismo, tenho dificuldade em aceitar o apelido de Rio-20 para o que aconteceu aqui nesta semana. Preferia ver mais avanços, muito mais, mas reconheço que um documento que é assinado por quase 200 países tem que ser enxuto. As diferenças sociais, ambientais, culturais, econômicas são simplesmente enormes. E também me alenta o interesse que o tema desperta na população, o que definitivamente não era o caso em 92.   
Daniel na Arena da Cúpula dos Povos
Mas sim, também acho que o documento deixou a desejar. Acho até que sua anorexia de certa forma é reflexo da anorexia da própria Conferência. Quando soubemos que a Rio+20 teve sua data postergada em 15 dias para não coincidir com o aniversário de 60 anos de coroação da Rainha Elizabeth talvez já pudéssemos ter previsto isto. Se não era um prenúncio, ao menos nos dava uma noção das prioridades dos Chefes de Estado e da conjuntura da geopolítica nos tempos atuais. E a Conferência acabou não acontecendo ao redor do dia mundial do meio-ambiente, 05 de junho, como deveria.
A falta de uma liderança como Secretário Geral da Conferência, com a força que Maurice Strong tinha na Eco-92, era outro sinal que não chegaríamos onde pretendido pela maioria dos que acompanham o tema mais de perto. E ainda a ausência de muitos Chefes de Estado, alguns muito importantes como dos EUA, Alemanha ou Inglaterra também é um anuncio de que as prioridades do momento são outras, e obviamente passam pela solução da atual crise econômica. Por parte da Sociedade Civil, senti a ausência de alguns pesos pesados, do estilo Sting ou Bono. Quero dizer, algumas personalidades que arrastam multidões de jornalistas e são ouvidos mesmo por aqueles que julgam que o tema não lhes interessa tanto.
Movimentação e protestos na cúpula
Enfim, foi apenas mais uma Conferência. Achei muito interessante ter vindo, ainda que não seja ela que vai mudar nossas vidas. Nem poderia, afinal, de certa forma ela não começou e terminou nesta semana. Apesar dos seus 500 eventos oficiais e mais de 3000 paralelos, a Rio+20 continua, não termina aqui. Seu tema segue nas mesas de discussão e no dia a dia das pessoas. Pode ser que lá na frente até sejamos obrigados a reconhecer que ela sim trouxe avanços importantes, redirecionando nossa forma de se relacionar com os outros e com o planeta. Não parece, mas pode ser.
       E o Rio de Janeiro continua lindo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20, 21 de junho de 2012



Protesto indígena na Rio+20
Hoje passei o dia na Conferencia Oficial. Difícil chegar pelo rigor da segurança, justificada pela concentração de Chefes de Estado e representantes de Governo.
Dentro do Centro de Convenções acontecem algumas coisas diferentes, todas ao mesmo tempo. Existem as pequenas seções, com temas mais específicos, onde estão os interessados em determinado assunto e alguns políticos que sejam atraídos por ele. Por exemplo, passei por uma sobre Energia Nuclear e Sustentabilidade. Como energia nuclear não emite Carbono, o vilão do momento, seus defensores entendem que ela faz jus ao adjetivo de sustentável. Esta tese tem sido inclusive avalizada por James Lovelock, um dos pais da Teoria de Gaia, tão cara aos ambientalistas.
Conferencia do Banco Mundial,
dentro da Rio+20
Também acontecem sessões maiores, como uma que vi sobre Crescimento Verde Inclusivo, promovida pelo Banco Mundial, com mais presença de público e autoridades. Quanto mais importante as autoridades presentes, mais concorrência de publico e imprensa.
Ocorrem ainda pequenas manifestações, bem educadas, claro. Um grupo de indígenas, representando diferentes etnias de várias partes do mundo fazia seu discurso por defesa de seus Territórios, ajudados por intérpretes voluntários. Vi ainda Severn Suzuki, a criança  que fez um forte discurso de cobrança por mais ação das autoridades na Eco 92, andando pelos corredores, com sua filha e sendo assediada para fotos e conversas. Hoje, passados 20 anos, ela é uma liderança ambientalista. 
Severn Suzuki
Mas o ponto alto é o Pavilhão cinco, local da reunião de Cúpula, onde todos os países tem voz, o que se torna uma interminável sessão de discursos, ouvidos mais ou menos atentamente em função do status da nação que se pronuncia. Mas neste minha credencial não permitia entrar.
Sem poder assistir ao vivo os representantes dos países, optei por ir para a Praça de Alimentação, onde existe um telão que nos permite ver ao vivo o que se passa lá dentro. Bem, verdade que também poderia fazer isto de casa, através do site www.webtv.un.org, mas aí perderia muito da atmosfera. Legal estar aqui, vendo esta multidão de pessoas, com suas diferentes cores, roupas e línguas. Sentei, tomei alguns cafés para espantar o sono e fiquei ouvindo no telão os representantes oficiais, quase sempre Ministros. Dentre outros países, ouvi Bulgária, Cabo Verde, Ilhas Maurício, Albânia, Paquistão, Finlândia, Estônia, Eslovénia, Honduras. Discursos parecidos, preparados por assessores que conhecem o tema. Não serão eles, estes discursos, que definirão o futuro do planeta. Não ouvi, mas sei que alguns como Raul Castro ou Evo Morales foram mais críticos em relação à ausência dos principais lideres dos países ricos na conferência e sobre a crescente mercantilização da vida e da natureza. Novidades, nenhuma. Nem era de se esperar.
Pequena exposição sobre
reciclagem, na Rio+20
Depois de duas horas sentado e ouvindo, me sentia como em um caleidoscópio sonoro, onde giravam com diferentes nuances de cores, palavras e termos como planeta, sustentabilidade, futuro, segurança alimentar, meio ambiente, mudanças climáticas, desenvolvimento, inclusão. E resiliência, a palavra da moda. Sabemos que repetir estes termos não será suficiente para operar as mudanças que suas definições impõem. A esperança é que ao menos seja  o começo.
Ainda passei rapidamente pelo Parque dos Atletas outra vez, onde havia ido no domingo e que é como um parque de exposições, com alguns seminários e  vários stands de estados brasileiros e diferentes países. Todos vendendo sua imagem de sustentável.
        No retorno passamos pela orla. São Conrado, Leblon, Ipanema, Copacabana, Botafogo, Gloria, Flamengo. Definitivamente, o Rio de Janeiro continua lindo. E ainda passamos pela efervescente Lapa, encontramos um grupo de amigos e ficamos tomando um chopp e conjecturando sobre o futuro do planeta. Antes que o mundo acabe!
Telão na Praça de Alimentação da Rio+20


Rio+20, 20 de junho de 2012


Ana e o barco do Greenpeace, no Píer Mauá
O dia começou com a leitura do jornal e a má noticia do documento de consenso ao qual se chegou para ser assinado pelos chefes de Estado aqui na Rio+20. E pior que bradado pela diplomacia Brasileira como uma conquista, já que nunca antes uma Conferencia de Cúpula havia começado com um documento já terminado. A estratégia para se chegar ao consenso foi suprimir ou adiar a decisão sobre os pontos polêmicos. Objetivos concretos para o Desenvolvimento Sustentável (sigla ODS), mecanismos para chegar nestes objetivos e sistema de Governança que promova e monitore esta busca, por exemplo, ficarão para próximos encontros, com expectativa que em 2015 sejam anunciados. Lamentável.
Hoje passei por diferentes mundos dos tantos que se encontram aqui na Rio+20. Comecei pelo Píer Mauá, na zona portuária da cidade, onde existem atividades oficiais relativas à Rio+20. Seminários e exposições. Mais um bom lugar para perceber os matizes que considero existem entre as diferentes empresas que incorporam a dimensão ambiental em seu processo de produção. Não dá para dividir apenas entre as de DNA Ecosocial e o Grenwashing. Existe uma estrada de diferentes gradações entre uma e outra, e ter indicadores claros que coloquem cada uma em sua justa posição é uma tarefa ainda não cumprida. Enfim, gosto deste tema, eu sei que tenho repetido ele nos meus relatos, mas de fato é o grande tema da Conferência, a tal da Economia Verde, definida, diga-se de passagem, de forma bastante vaga no documento final.
Mapa enorme do Brasil, no chão, sensacional
Depois fui ao Museu de Arte Moderna, o MAM, no Aterro do Flamengo, onde está ocorrendo uma simpática feira de produtos da Sociobiodiversidade. Fiz minhas comprinhas, encontrei alguns amigos, olhei ainda um pouco da Cúpula no Aterro e partimos para a Marcha dos Povos. Como outras Marchas, com seus potentes carros de som, umas 30 mil pessoas, fantasiadas, pintadas, carregando cartazes, juntando suas vozes na expectativa de serem ouvidas ou apenas caminhando com seus grupos. Pena que não tive tempo para ficar muito, porque deveria ir para um jantar do outro lado da cidade.
          O jantar era anunciado como chique, tinha nome e programação. Chamado Sabor de Mudança, era anunciado como “Um jantar sustentável na Rio+20: transformando agricultura e sistema alimentar para fazer nosso mundo mais sustentável”. 
Jantar Sabor de Mudança
Chegamos e fomos recebidos com alguns quitutes e boa bebida. Sentamos para jantar, cerca de 150 convidados, e entre um e outro prato ou copo de um bom vinho biodinâmico, ouvimos alguns breves discursos, como do agricultor que produziu o shitaque que comemos, do Suíço Presidente da Fundação Biovision, que foram os promotores do jantar ou as Ministras da Agricultura da Libéria e da Zâmbia. Fomos alguns colegas de trabalho e estava bom. Meio chato, muito formal, mas foi legal ter ido. Ótima estava a comida, da Chef Domencia Catelli, californiana, conhecida por valorizar o produto orgânico e local. Li na net que ela cozinhou para Jonh Travolta e Oprah. Agora para mim também.
            Era longe, quase fora do Rio, em Vargem Pequena, cerca de uma hora e meia de casa. Depois de comer e beber, me pareceu uma eternidade. Melhor ir dormir, amanhã tem mais.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rio+20, 19 de junho de 2012


No centro, Jigmi Y. Thinley, Primeiro Ministro do Butão
Gostei muito da oportunidade que tive hoje. Como era esperado, o Evento de Aprendizagem do qual eu participei pela manhã teve como palestrante de abertura o Primeiro Ministro do Butão. Foi na Rio+20, quero dizer na Conferencia Oficial, no pavilhão destinado a eventos da Sociedade Civil. O tema central foi Agricultura Orgânica, e o seminário constou de palestras com exemplos exitosos, de Honduras, Peru, Holanda, Brasil e Etiópia, e breves reflexões sobre como estes exemplos podem se multiplicar. No final uma chuva de ideias com algumas autoridades convidadas, sobre que tipo de estratégias e políticas públicas podem colaborar na disseminação destas experiências. Tudo organizado por IFOAM, a Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica.
Visual do evento
Achei muito interessante ver o Primeiro-Ministro falando da busca do Butão pelo aumento da Felicidade Interna Bruta. Quem não ouviu falar, procura se informar, faz 30 anos que o Quarto Rei do Butão (eles são uma monarquia desde o início do século XX) disse que mais importante que a produção econômica é a felicidade das pessoas, e que é isto que seu reinado queria buscar. Hoje o Ministro expressou como eles perseguem e quais os quatro pilares desta busca: i) desenvolvimento socioeconômico equitativo e sustentável; ii) cuidado com o mundo natural; iii) fortalecimento da cultura ancestral e iv) boa governança.  Falou ainda de como a Agricultura Orgânica pode e deve contribuir com este desiderato. Ele pretende e assumiu o compromisso que o Butão tenha sua produção toda convertida para a Agricultura Orgânica. Cool!
Depois cruzei a cidade e fui para um evento chamado Green Rio, também sobre Agricultura Orgânica, com palestras e uma pequena feira, no auditório da Bolsa de Valores, no centro do Rio. Sacaram? Da Felicidade Interna Bruta para o business as usual. Fui principalmente para ver alguns amigos que estavam lá, mas gostei de ouvir uma discussão entre representantes do Governo Federal, Estadual e iniciativa privada, sobre a Copa Orgânica. É um projeto em andamento e prevê mecanismos de como o setor orgânico poderá estar fortemente presente como fornecedor de produtos e serviços durante a Copa do Mundo de 2014. Não é minha onda, mas não deixa de ser interessante a iniciativa. 
Ana Meirelles, no stand do Pão de Açúcar
E ainda fiquei olhando atentamente e degustando alguns quitutes em um stand do Grupo Pão de Açúcar, só com produtos orgânicos, uma boa parte deles de marca própria. Vendo, comendo e pensando. O Grupo Pão de açúcar é o maior grupo de varejo de alimentos do país. Que significa este stand? Desenvolvimento Sustentável? Tempo de mudança? Economia Verde? Greenwhashing? Tenho minhas percepções, mas certeza mesmo só o tempo nos dará.
O dia chegou ao seu fim, e já que estávamos por ali, decidimos terminar a jornada com um chopinho no maravilhoso centro do Rio de Janeiro, porque ninguém é de ferro. Legal, um grupo pequeno, com chilenos, brasileiros e costarriquenhos. Em um belo Bar/restaurante de comida árabe, com a musica da rua invadindo de leve o ambiente. Discutindo gênero, sustentabilidade e contando causos. A Rio+20 é assim. 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Rio+20, 18 de junho de 2012


Entrada da Rio + 20
Hoje passei a maior parte do tempo no Dia do Desenvolvimento Rural e da Agricultura. Saí um pouco para participar de uma mesa sobre Agricultura Orgânica organizada pelo Ministério da Agricultura. Os dois em lugares que eu ainda não havia ido. Como disse ontem, são dezenas de mesas, seminários, oficinas e etc, ocorrendo em diferentes lugares da cidade. Independente de oficiais ou não, podemos considerar todos como parte desta constelação de eventos de cunho sócio-ambiental que é a Rio+20.
De manha ouvi representantes do Governo Brasileiro. Infelizmente, a arrogância deu o tom. Em relação à questão ambiental, o Brasil está fazendo seu dever de casa, disse a Ministra do Meio-ambiente. Discordo, mas pior é referendar esta afirmação, diante de uma plateia internacional, comparando com países Africanos que segundo ela tem apenas 3% de sua cobertura florestal original. No mínimo deselegante.
4th Dia do Desenvolvimento
Rural e da Agricultura
De resto, sem maiores novidades. A agricultura deve liderar a Economia Verde, foi algo repetido de diferentes formas. Economia Verde é o tema. Acho que o termo equivale ao Desenvolvimento Sustentável da Eco 92. Há 20 anos Desenvolvimento Sustentável era um conceito pouco claro, provocou controvérsias e gerou reclamações por parte daqueles que temiam que estivesse sendo proposto ou no mínimo seria apropriado pelas grandes corporações. Parece que a crítica era procedente, passados 20 anos, a economia mundial cresceu 67%, mas ninguém se atreve a dizer que o adjetivo sustentável pode ser aplicado ao modelo usado, ainda que o termo seja usado de forma generalizada.
Enfim, não gostei tanto do evento, mas gostei da escolha de ter ido lá. Bom ouvir Ministros, a Presidenta do Banco Mundial e outras autoridades de organismos multilaterais. Mas o bom mesmo deste evento foi o coquetel no final do dia. Caipirinha, vinhos, cerveja, canapés variados, caldinho de frutos do mar. Delicioso. Amanhã participo de uma mesa na qual a abertura será feita pelo Presidente do Butão, aquele pequeno país incrustado no Himalaia e que possui um Índice de Felicidade Bruta. Estarei lá cedo, a segurança já avisou que não permitirá atrasos.
Com Mário Ahumada e André Gonçalves. 

domingo, 17 de junho de 2012

Rio+20, 17 de junho de 2012


Ana  Meirelles e seus amigos vegans orgânicos
         Como previsto, hoje de manhã fui direto para a Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Está dividida em duas áreas. Uma no centro de convenções, onde se concentram os debates, apenas para delegados dos países e de organizações da sociedade civil. A outra área, em frente ao centro de convenções, permite visitantes, e é uma espécie de exposição de experiências ou ideias sobre o tema da Conferencia. Stands grandes, bem montados, uma profusão de materiais para distribuição como livros, documentos, cds, e toda sorte de eco-brindes, como pendrives de madeira ou bolsas de pano. Adoro brindes.
Carro elétrico, dos Correios
     Fiquei com a impressão que esta exposição pode, e deve, ser lida como uma grande vitrine do que aqui está se chamando de Economia Verde, tema que é seguramente o mais controvertido e debatido na conferência. Os que criticam lembram uma frase de Einstein e dizem que não há motivos para crer que a mesma lógica que criou o problema, a do liberalismo econômico e sua apologia ao mercado livre, possa agora gerar as soluções. Os que defendem dizem que não  há outro caminho conhecido e concentram seu discurso a favor da economia verde na geração de novas tecnologias, limpas e/ou mais eficientes no uso de energias e materiais e na valoração de ativos e serviços ambientais, como Biodiversidade ou sequestro de Carbono.
Ônibus híbrido, elétrico e biodiesel,
Marcopolo. Exemplo de
Economia Verde.
            Claro, as empresas já se fazem presentes, incorporando de maneira mais ou menos séria a dimensão ambiental ao seu discurso. Nesta Feira que vi hoje, parte oficial da Rio+20, haviam stands de muitos Estados Brasileiros, de vários países do mundo, e de muitas empresas. Ajinomoto, Volkswagen, Coca-cola, Braskem ou a Empresa Brasileira de Correios são alguns exemplos. A preocupação destas empresas é séria? Difícil dizer, mas já que a citamos, olhem esta propaganda da VW e julguem por vocês mesmos: www.youtube.com/watch?v=6ORHynh9mjw&feature=player_embedded
Ajinomoto? Até tu, Brutus?
      Talvez se devesse exigir mais seriedade no uso de adjetivos como Sustentável ou Ecológico. É o que defende a Gro Brutland, norueguesa famosa por liderar a Comissão que elaborou o relatório que consagrou o termo Desenvolvimento Sustentável. Ela tem falado por aqui que deveriam ser criados indicadores que avalizassem o uso destes termos. Não resolveria nem superaria a discussão que descrevi acima, mas ao menos faria as empresas serem mais sérias ao vincular seus produtos ou serviços a valores ambientais.
            Depois fomos a um evento que estava rolando na PUC do Rio. Parte das atividades paralelas. É assim, são dezenas de atividades espalhadas pela cidade, todas dentro do marco geral da Rio+20, algumas da programação oficial, outras tantas não. 
Foto tirada da Cúpula dos Povos, Aterro do Flamengo.
Moldura perfeita para falar sobre  Meio-ambiente.
E ainda tivemos tempo para mais uma passada na Cúpula dos Povos, hoje lotada de pessoas locais, que aproveitavam a tarde de domingo ensolarada e com temperatura agradável para passear, ver algumas das muitas atividades culturais, ouvir um ou outro discurso. E ainda tinham tempo para fazer umas comprinhas básicas de artesanato indígena, bio-jóias, livros, DVDs. Calma gente, não há contradição aqui, isto pode, se chama consumo eco-sócio-cultural...
Amanhã vou ao Dia da Agricultura e do Desenvolvimento Rural. É um evento grande, com uma série de mesas de debates e oficinas. Tenho quatro minutos para falar em uma mesa sobre Sistemas Participativos de Garantia. Disse a quem me convidou que era pouco e ele me respondeu que era suficiente se eu fosse direto ao ponto... estou há 4 horas aqui, em frente ao computador, procurando este ponto. Não achei, vou dormir.